Data: 30. 09
Entrega: 07/10
América Latina: a mais urbanizada do mundo, mas não a mais planejada Mais
de 80% dos latino-americanos vivem em cidades onde a insegurança urbana
aumentou entre os seus cidadãos
É a cidade
perfeita. Não há quase crime, nem engarrafamentos, nem contaminação ou sujeira,
e o lixo é recolhido a tempo. O transporte público é pontual e sempre há onde
se sentar. É o triunfo do planejamento urbano. A boa notícia: há várias cidades
do mundo que poderiam competir pelo título de a “mais planejada”; a má: que
nenhuma é latino-americana, ao menos por enquanto. Zurique, Singapura, Seúl,
Búfalo (em Nova York) aparecem constantemente nas discussões e rankings
especializados como as cidades mais planejadas do mundo. E o que as une é
justamente a ideia de que a cidade é o “lar” de seus residentes e que está ali
para servi-los, e não para atuar como um inimigo. Isto cobra particular
relevância na América Latina, a região mais urbanizada do mundo, onde 80% da
população –cerca de 450 milhões de pessoas- vivem nas cidades. Enquanto a falta
de segurança aparece sistematicamente entre as principais preocupações dos
latino-americanos, há outro tipo de insegurança da qual se fala pouco mas que
também supõe uma ameaça para o bem-estar dos cidadãos. Trata-se, efetivamente,
da estrutura e organização das cidades. Os avanços sociais e econômicos da
América Latina durante a última década não vieram acompanhados de um melhor
planejamento dos grandes centros urbanos, e alguns resultados visíveis são o
caótico transporte privado e público, a rápida urbanização sem respeito aos
códigos de construção, a deficiente prestação dos serviços públicos e a
deterioração dos espaços, entre outros. Esta situação também gerou problemas
para enfrentar eventualidades naturais, como o foi o recente incêndio em
Valparaíso, no Chile, as recorrentes inundações em Buenos Aires ou os
frequentes desabamentos de terra nas favelas do Rio de Janeiro. De acordo a
estimativas do Banco Mundial, as consequências dos fenômenos naturais
representam um custo para a região de dois bilhões de dólares anuais. O déficit
em planejamento das cidades se destaca ainda mais quando surgem as seguintes
estatísticas: para 2025, 10% da população mundial viverá em apenas 37 cidades.
Por isso, arquitetos, geógrafos, engenheiros e governos da região têm o desafio
de planejar com eficiência seus centros urbanos para convertê-los em locais
mais habitáveis e seguros. “Na América Latina deveríamos passar por um
planejamento mais estratégico e sustentável que, por um lado, mitigue (diminua)
problemas existentes, como o risco de deslizamentos em morros ou falta de
capacidade nos sistemas de drenagem, e por outro, que adapte as cidades para
que sejam mais resilientes em relação às ameaças climáticas”, explica Santiago
E. Arias, especialista em planejamento urbano do Banco Mundial.
ATIVIDADES
NÃO É NECESSÁRIO COPIAR O TEXTO
ATIVIDADES
1. Qual classe social é a mais exposta aos vários riscos e problemas urbanos segundo o texto? Em termos de localização da moradia, por que isso acontece?
2. Com suas
palavras e de acordo com o texto, qual é a importância do planejamento das
cidades para a
manutenção do
bem estar da população que ali reside e coexiste?
3. O processo de
urbanização está diretamente ligado à industrialização das sociedades.
Percebe-se tal
afirmação no
fato de cada uma das sucessivas revoluções industriais terem sido acompanhadas
por
sucessivas
explosões demográficas em diversas cidades do mundo. Sobre o processo de urbanização
associado à
industrialização, julgue as afirmações abaixo com V (para verdadeiro) e F (para
falso).
I. ( ) A I
Revolução Industrial foi caracterizada pela forma democrática com que ocorreu,
distribuindo-se
por todos os
grandes países do mundo, que passaram por acentuados índices de urbanização das
suas
cidades.
II. ( ) A
urbanização é um processo mais recente nos países subdesenvolvidos em virtude
da
industrialização
tardia de suas economias.
III. ( ) A III
revolução industrial foi a grande responsável pela urbanização de países
subdesenvolvidos,
pois
possibilitou a presença de indústrias estrangeiras nesses países e elevou o
índice de pessoas em busca de
empregos nas
cidades.
IV. ( ) A Ásia
Meridional e a África Subsaariana foram as primeiras regiões do mundo a se
urbanizarem
depois da
Europa.
NÃO É NECESSÁRIO COPIAR O TEXTO
Os mais expostos
Reflexo do Morro (e favela) da Providencia em prédio moderno e espelhado no centro do Rio. Rio de Janeiro, RJ, Brasil. 2018 Disponível:argosfoto.photoshelter.com/image/I000 0IVZjg2KzSZc
As ameaças à segurança nas cidades não provêm apenas dos efeitos
dos desastres naturais, mas também têm a ver com a construção improvisada: por
exemplo, ao construir casas em morros com risco de deslizamentos ou ao lado de
rios que costumam transbordar após fortes chuvas. Embora a maior parte dos
habitantes das cidades estejam expostos a esta série de perigos, são os mais
pobres que estão expostos à pior parte, já que geralmente vivem em casas mais
precárias e desprotegidas. Segundo um relatório de ONU-Habitat de 2012, ao
redor de 111 milhões de latino-americanos vivem em bairros marginais. Como
forma paliativa (superficial) de diminuir os riscos que espreitam este amplo
grupo de pessoas, vários países da região estão desenvolvendo projetos para
reforçar a segurança nas zonas com habitantes vulneráveis. A iniciativa CAPRA,
por exemplo, tenta melhorar as formas de avaliar as ameaças climáticas na
Colômbia, Peru, Chile e países da América Central e do Caribe. O Centro de
Inovação Climática do Caribe também está ajudando para que países pequenos da
região estejam melhor preparados para enfrentar os efeitos da mudança
climática, através da criação de empresas sustentáveis.De qualquer forma, os
especialistas concordam que ainda faz falta um planejamento urbano que integre
todos os setores para fazer das cidades latino-americanas locais mais seguros.
“Muitas cidades da América Latina sofrem os piores casos de congestionamentos
do mundo. Os problemas de água e saneamento foram um grande problema nas
periferias. A mudança climática aumentará os problemas de acesso à água na
região”, afirma Xiaomei Tan, especialista do Fundo para o Meio Ambiente Mundial
(GEF, em inglês). Estudos do Banco Mundial apontam que territórios propensos às
secas, especialmente em cidades do Chile, México, Guatemala e El Salvador,
serão ainda mais secos. Da mesma maneira, zonas com risco a inundações, como
Argentina, Peru e Uruguai, deverão enfrentar chuvas mais intensas. As cidades
latino-americanas dependerão de um melhor planejamento para que estas projeções
tão pouco alentadoras não se cumpram, e permaneçam só como maus presságios.
Disponível em:
https://brasil.elpais.com/brasil/2014/04/18/internacional/1397834294_310921.html
.Acesso em:26 de ago de 2020
ATIVIDADES
4. Leia o texto abaixo e assinale a
alternativa correta:
A América Latina vai atingir uma taxa de
urbanização de 90% até 2020, segundo um estudo inédito do Programa das Nações
Unidas para os Assentamentos Humanos (Onu-Habitat), divulgado na manhã desta terça-feira
21. Os dados mostram que a América Latina e o Caribe são as regiões mais
urbanizadas do mundo, embora uma das menos povoadas em proporção territorial.
Na área, cerca de 80% das pessoas mora em cidades hoje, número superior ao de
países desenvolvidos. Metade da população urbana vive em cidades com menos de
500 mil habitantes (222 milhões de indivíduos) e 14% nas megacidades (65
milhões).
Carta Capital, 21/08/2013. América
Latina atingirá 90% de urbanização até 2020. Disponível em: <Carta
Capital>
A América Latina intensificou sua
urbanização a partir da segunda metade do século XX, tal processo
caracterizou-se:
a)
( )
pelas migrações em massa das populações mais pobres de países subdesenvolvidos
.
b) ( ) pelas baixas condições de vida da maior parte da população no
espaço das grandes cidades.
b)
( )
por ter sido um processo lento, gradual e planejado.
c)
( )
por refletir os avanços econômicos e os sucessivos crescimentos das riquezas
produzidas por nações como Brasil e
Argentina.
5. Leia o texto abaixo e responda às
questões assinalando a alternativa correta:
Segundo o Relatório Mundial de
Acompanhamento 2013 dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) sobre a
América Latina e Caribe, a urbanização é um estímulo importante para retirar os
cidadãos da pobreza e promover o desenvolvimento. O documento avalia o
progresso dos países da região no alcance dos ODM.
Levando em conta que mais de 80% dos
bens e serviços mundiais são produzidos nas cidades, os países com elevados
níveis de urbanização, desde a China até os da América Latina, desempenharam um
papel essencial na redução da pobreza. No entanto, o relatório adverte que, se
a urbanização não for administrada de modo adequado, também poderá gerar um
crescimento descontrolado de favelas, doenças e delinquência.[...]
As áreas urbanas oferecem empregos mais
bem remunerados e serviços básicos. Por esta razão, os pobres rurais estão
dispostos a migrar e pagar para ter acesso a serviços essenciais. No Brasil, os
trabalhadores rurais, cujo salário mínimo é de cerca de sete reais por hora,
estavam dispostos a migrar e pagar 420 reais por ano para acesso a melhores
serviços de saúde, 87 reais por água limpa e 42 reais por eletricidade.
Organização das Nações Unidas no Brasil.
Urbanização adequada pode reduzir pobreza na América Latina e Caribe, diz ONU.
Disponível em ONU.org
a) A frase do texto “os pobres rurais
estão dispostos a migrar e pagar para ter acesso a serviços essenciais”
assinala o processo de:
( ) migração rururbana
( ) urbanização planejada
( ) êxodo rural
( ) urbanização do meio agrário
b) O processo de favelização das cidades
realiza-se em virtude:
( ) da urbanização má planejada ou
desordenada
( ) da falta de empregos
( ) da ausência de espaços nas cidades
( ) da carência dos recursos públicos
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